sábado, 22 de agosto de 2009

Livro do mês [13]


Wikinomics foi uma leitura indicada durante o mestrado. É um livro que pode ser considerado polêmico, pois como o sub-título (na versão em português) sugere, os autores pregam que a colaboração em massa pode mudar a forma como atualmente fazemos negócios.
Utilizando exemplos que vão desde a famosa Wikipedia até desconhecidas (pelo o menos no Brasil) fábricas de motocicleta na China, os autores, Don Tapscot e Anthony D. Willians sugerem que as empresas precisarão se adaptar a um novo cenário onde será preciso buscar a colaboração de pessoas externas à organização para fazer negócios e descobrir/aperfeiçoar ideias.
A proposta é válida levando-se em consideração a forma de abordagem dos autores, todavia, há alguns pontos que merecem uma discussão mais profunda. Abaixo reproduzo parte da minha análise feita a disciplina Tecnologia e redes organizacionais do mestrado:

Realmente, no sentido dos autores, organizações que ficarem fechadas à novos modelos de negócios e às mudanças no seu ambiente de atuação correrão sérios riscos, não só no futuro, mas já no presente também. Uma forma de superar esta limitação é, como sugerem Tapscott e Willians (2007), buscar colaboração externa para adquirir novos conhecimentos e competências, mesmo que tais atributos não sejam mais “propriedade” da organização, mas apenas fontes acessíveis para obter capacidades que são necessárias em determinado momento ou contexto organizacional.

Por outro lado, apesar do conteúdo ser bem formulado e estar fortemente embasado em estudos de casos e entrevistas com profissionais expoentes de diversos ramos de negócios que já estão enfrentando o desafio da Wikinomia, alguns pontos parecem destoar no conjunto da obra. Em especial, a forma como diversos argumentos são apresentados, pois há várias prescrições e afirmações absolutas. Ou seja, à luz do que os autores escrevem, parece que não estão estabelecendo um dentre outros possíveis cenários de desenvolvimento econômico, social e organizacional no futuro, mas sim afirmando que como dizem será de fato, e que nenhuma margem de interpretação divergente é plausível.

Além disso, pelo o menos um dos cases demonstrados comprova hoje, poucos anos após a publicação do livro, que mesmo negócios baseados no modelo Wikinômico podem não sobreviver ou alcançar o status que se imagina (hipótese que em momento nenhum é discutida – mostrando de certa forma algo parecido com uma moeda de um lado só). Este exemplo é o Second Life, jogo virtual amplamente citado como modelo de colaboração, mas que após o auge, entrou em declínio, como pode ser comprovado pela seguinte notícia “Second life fecha as portas no Brasil” .


Esta última passagem refere-se a uma espécie de jogo disponível na internet e que fez muito sucesso por algum tempo, mas que não se consolidou, como indica a notícia linkada. No livro (2007) o Second Life era apontado como uma das evidências do novo tipo de negócios que estava se formando, a qual, mesmo indiretamente, era apontada como potencial geradora de sucesso no modelo proposto no livro.

Após esta observação, mais do que tecer uma análise crítica do livro, a proposta de utilizá-lo como referência neste mês é perguntar ao leitor do blog se já leu ou conhece os conceitos de Wikinomics. E se positivo, como vê os desafios impostos à logística para organizações que adotarem a abordagem colaborativa de negócios?

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