quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ferramentas de Gestão de Estoques


Particularmente entendo que apesar do transporte ser a função operacional mais associada à logística, é na gestão estratégica dos estoques que encontra-se o maior desafio para um profissional da área.

Quanto custa manter em estoque um produto que não gira? E qual o prejuízo gerado por deixar de atender um cliente por falta de estoque?

As perguntas acima sintetizam o grande trade-off da administração de materiais, que é o equilíbrio perfeito nas quantidades estocadas, de modo a evitar custos pelo excesso de carregamento ao mesmo tempo em que não ocorram faltas que comprometam o nível de serviço necessário à organização.

Existem várias filosofias sobre o tema, sendo que atualmente o JIT - Just In Time é a mais conhecida e "badalada". Entretanto, apesar da sua riqueza e das enormes possibilidades de melhoria geradas por este modelo, não descarto a utilização dos conceitos tradicionais de gestão de estoques, sobretudo em pequenas organizações.

Classificação ABC, estoque de segurança, previsão de demanda, e até mesmo o Lote Econômico de Compra continuam tendo seu valor nas atividades estratégicas de planejamento de materiais de uma organização.

Acredito que o grande erro dos gestores de estoques era valer-se dos conceitos citados - que tem caráter predominantemente matemático, ou seja racional - como única ferramenta de decisão. Esta abordagem errada prejudicou a visão dos métodos, pois sabemos que estoques estão relacionados aos mercados, que possuem características próprias, quase sempre variáveis e incontroláveis.

No momento em que percebe-se que os métodos tradicionais servem como elementos de apoio à tomada de decisão, e não como critérios absolutos e inqüestionáveis, a sua utilização é capaz de gerar grandes benefícios às organizações, que encontrarão ferramentas capazes de mapear características marcantes de sua demanda e apresentar indicadores de análise capazes de elucidar algumas das incertezas predominantes na utilização dos estoques.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A logística do Ouro (e de outros metais também)


Escrevi há algum tempo aqui sobre os desafios logísticos que o Brasil enfrentará para organizar a Copa do Mundo de 2014. Como estamos em clima olímpico, o tema volta a ser relevante, pois devido a magnitude das Olimpíadas o planejamento logístico torna-se extremamente complexo.
As principais diferenças entre os dois eventos são o número de envolvidos (muito maior no caso dos jogos multi-esportivos), e o fato da competição de futebol ser disputada em várias sedes distribuídas em um país, enquanto que a Olimpíada acontece quase totalmente em uma cidade.
No caso de Beijing 2008 é possível listar alguns desafios logísticos enfrentados pela organização:
  • Alojamento, transporte e alimentação dos atletas;
  • Disponibilização de locais para treino dos atletas/equipes e para realização das competições;
  • Organização de arbitragem;
  • Operacionalização do pessoal de apoio (bilheteria, segurança, limpeza, alimentação...);
  • Oferecimento de auxílio em várias línguas diferentes; e
  • Fornecimento de suporte para atuação da imprensa.
Lembre-se ainda que estamos falando de um evento de 16 dias, mas que envolve:
  • 10.078 atletas;
  • 31 modalidades esportivas;
  • 21.600 jornalistas, de mais de 200 países;
  • 80 chefes de estado na cerimônia de abertura; 3
  • 400.000 voluntários.
São fatos e números que impressionam, sem dúvida, mas ainda estamos falando só sobre as competições. Não podemos esquecer que o grande fluxo de turistas (previsão de 500 mil) exige esforço redobrado em várias "frentes" citadas para atender todo esse contingente de pessoas, com certeza bastante superior a média recebida pela cidade em períodos normais.
Finalmente, em Setembro ainda acontecerão os jogos paraolímpicos, que se não tem tanto destaque na mídia, exigem planejamento prévio para a adequação da maior parte dos recursos citados para atender a este público, que possui exigências diferenciadas, e possivelmente ainda mais desafiadoras.
Após analisar tantos itens, acredito ser possível oferecer uma medalha de ouro (simbólica, evidentemente) para os organizadores deste incrível evento.
Eu - como fã de esportes e estudioso da logística esportiva - não vou perder!
Obs: os números citados foram obtidos no site da embaixada da China no Brasil.