terça-feira, 22 de setembro de 2009

Uma "nova" forma de transportar

Em minhas aulas introdutórias sobre transportes costumo perguntar aos alunos quais são os cinco modais existentes. A lista é rapidamente formada por quatro elementos: aquaviário, rodoviário, ferroviário, aéreo e...

... o quinto elemento gera algum debate, até que a modalidade dutoviária seja citada. Tal situação se repete com frequência, mas não me causa surpresa, uma vez que a utilização de dutos é quase desconhecida no Brasil. Não fosse o gasoduto Brasil-Bolívia, provavelmente muito sequer teriam ouvido falar em nesta modal.

Isto leva a uma variação do problema do ovo e da galinha, pois afinal, os dutos são "desconhecidos" porque são pouco utilizados ou são poucos utilizados porque são "desconhecidos"? (Percebam que deixei o adjetivo "desconhecido" entre aspas, pois é impossível afirmar que profissionais da área não são esclarecidos quanto ao tema, sendo que o desconhecimento que cito diz respeito ao potencial de utilização do modal).

Felizmente, vez ou outra nos deparamos com notícias que trazem esperança quanto à mudanças neste cenário, como a matéria do portal Terra que reproduzo abaixo e que motivou este comentário.

Alcoolduto poderá retirar 1,6 mil caminhões das rodovias

Um projeto de alcoolduto privado, previsto para entrar em operação em 2012, vai representar uma mudança drástica na forma de transporte do produto no País. O projeto é do grupo Uniduto Logística, que representa 88 usinas de etanol de São Paulo, responsáveis por um terço da produção nacional.

A estrutura terá 570 km, ligando as principais regiões produtoras de São Paulo com a capital e o litoral, de onde seguirá para exportação. O investimento é de US$ 1 bilhão e vai possibilitar o transporte de 17 bilhões de l de álcool por ano.

Com o início do funcionamento do álcoolduto, serão retirados das estradas 1,6 mil caminhões de carroceria dupla, conhecidos como bi-trem, segundo o presidente da Uniduto, Sergio Van Klaveren. "Todo o transporte de etanol, que hoje é feito 95% por rodovias, deve passar para dutovias, hidrovias e ferrovias. O álcool vai se beneficiar de um momento de crescimento, com uma mudança completa da matriz de transporte. A economia inicial no preço do produto será de 25%", disse Klaveren, durante a 7ª Rio Pipe Line, feira que reúne até o dia 24 as maiores empresas brasileiras e mundiais em transporte por dutos, principalmente nas áreas de petróleo e gás.

De acordo com o presidente da Uniduto, a tendência é aumentar a participação por este modal no Brasil, que atualmente possui 20 mil km de dutos, incluindo gasoduto, oleoduto e minerioduto, contra 820 mil km dos Estados Unidos e cerca de 300 mil km da Rússia.

Klaveren calcula que só a economia do óleo diesel que deixará de ser utilizado pelos caminhões chegue a 85 milhões de l por ano. Além disso, segundo ele, a retirada de circulação dos pesados veículos vai contribuir para a manutenção das estradas e a redução do número de acidentes. O início das obras do duto está previsto para meados de 2010.

A Petrobras também planeja operar um alcoolduto, que se estenderá desde regiões produtoras em Goiás até o litoral do Rio de Janeiro, passando pelo Estado de São Paulo. Segundo a assessoria da estatal, o projeto que chegou a ser cogitado para entrar em operação este ano ainda não tem prazo definido para o início das obras, por questões de amadurecimento de mercado e concessão de licenças ambientais.

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