terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Privatizar ou não privatizar? Eis a questão


Em um post anterior, já comentei rapidamente sobre a concessão à iniciativa privada de alguns trechos de rodovias federais que ocorreu no final do ano passado.
Desde o leilão, o tema continua dominando boa parte do noticiário especializado, sobretudo devido às diferenças no modelo adotado pelo governo atual em comparação aos mecanismos utilizados anteriormente. Isto dá margem para uma nova abordagem ao tema.

Entendo que houveram dois avanços importantíssimos que precisam ser destacados:
O primeiro é o novo modelo adotado, que prioriza o menor preço ao usuário final do sistema. Trata-se de uma medida inteligente e que pode servir como um novo "marco" para futuras concessões.
Mas é importante observar com atenção os movimentos decorrentes desse processo, pois além das discussões já surgidas sobre a viabilidade ou não da realização de serviços de qualidade, devido ao baixo preço do pedágio proposto para alguns trechos, precisamos lembrar que os bastidores governamentais em nosso país tem diversos meandros que não são conhecidos do grande público, onde ações políticas muitas vezes se sobrepõem às iniciativas administrativas. Assim, fica a incerteza quanto a futuras "retificações" ou "revisões" de contrato, que de algum forma modifiquem os valores leiloados. Se ocorrerem, veremos como a justiça, o ministério público e a sociedade reagirão.

O segundo ponto, que considero o mais relevante para os profissionais de logística, é a concessão em si, pois durante 5 anos o governo federal sempre demonstrou uma espécie de má vontade em relação à privatização de serviços públicos.
Sabemos da escassez de recursos disponíveis para investimentos em infra-estrutura no Brasil. Sem o apoio da iniciativa privada (que aliás é ávida por estes serviços), dificilmente haverá condições do país consolidar taxas de crescimento que o mantenha entre as principais economias do mundo.
Além disso, o desenvolvimento previsto a partir das concessões abre um grande campo de trabalho para profissionais especializados em logística, pois seus conhecimentos técnicos e visão sistêmica serão indispensáveis para o planejamento e execução das obras previstas.

Estamos diante de um momento decisivo, a janela de oportunidade foi aberta. O desejo que fica é que esta concessão não tenha ocorrido como uma experiência isolada e que não terá continuidade, mas que represente uma nova fase na política de desenvolvimento em nosso país.

A sociedade, as empresas, e os profissionais de logística desde já agradecem!

3 comentários:

Carlos Ferreira disse...

A privatização se faz necessária pela INCOMPETÊNCIA dos governante,os atuais e os anteriores. No futuro a população vai ficar refém dos pedágios,com baixos salários, vai perder o direto de ir e vir garantido pela Constituição.

Carlos Ferreira
Juiz de Fora-MG
carlosferreirajf@gmail.com
http://carlosferreirajf.blogspot.com/

Anônimo disse...

Privatizar sim, pois nosso governo está falido, se o Plano Nacional de Transporte e Logística fosse colocado em prática, inúmeros problemas que passamos e outros que ainda virão seriam facilmente solucionados.Pena que nossos governantes se preocupam apenas com as coisas que dão falatório, ou seja, quem gastou com cartão corporativo. Um país não pode viver de CPI e sim de ações concretas, eficientes e eficazes.

Douglas Heinz disse...

As opiniões apresentadas vem ao encontro daquilo que procurei demonstrar em meu post.
Estamos em um momento de decisão e o principal fator de análise é a incapacidade do setor público em fornecer serviços adequados à população.
Em outro post irei abordar o tema com maior ênfase, mas como já comentado no post "Logística 2008 - O que esperar (parte 1)" será necessário, a partir da concessão de serviços públicos, desonerar o contribuinte, visto que a tendência é que cada vez mais ele deverá arcar com as próprias despesas em serviços básicos.