segunda-feira, 2 de junho de 2008

Logística Internacional - a nova fronteira das empresas

As operações logísticas são caracterizadas por sua extrema complexidade e pela necessidade de adaptações constantes às mudanças ambientais ocasionadas por diversos fatores externos ao controle das organizações.

Se tal assertiva já seria suficiente para preocupar empresas com cadeias de abastecimento dependentes de atividades logísticas dentro de seu país, com o consolidado processo de globalização e o aumento significativo das relações internacionais, esta premissa torna-se válida também na operação de sistemas logísticos no âmbito dos mercados externos. Dessa forma, a logística traduz-se no novo grande desafio das empresas globais, como peça chave na sua engrenagem produtiva e comercial.

Apesar das atividades logísticas serem similares em todo o planeta, o fator “local” pode influenciar fortemente o desempenho operacional das empresas, pois alguns elementos especiais precisam ser considerados em situações que envolvam duas ou mais nações:

Primeiro, a maior burocracia presente em processos de importação e exportação pode se transformar na necessidade de lead-times mais longos, o que compromete não só o desempenho, mas também pode afetar prejudicialmente acordos comerciais em cadeias de abastecimento construídas com foco na agilidade da operação logística.

Segundo, as distâncias mais longas percorridas pelas mercadorias aumentam as possibilidades de danos ao produto, afinal, o tempo em trânsito é um momento crítico da logística. Nessa etapa os bens estão mais suscetíveis a avarias ou manuseios indevidos, e quanto mais tempo durar o momento entre a partida do produto e a sua chegada ao destino, maior o risco envolvido.

Terceiro, questões sócio-culturais modificam o comportamento das pessoas, dificultando o controle do processo logístico e aumentando a ocorrência de imprevistos ocasionados pelas diferentes formas de comprometimento com a cadeia de abastecimento dos envolvidos.

E finalmente, a infra-estrutura de cada nação afeta substancialmente a capacidade de obter-se o desempenho esperado, visto que deficiências estruturais podem resultar em atrasos ou até mesmo em impedimento para o cumprimento de prazos de entrega ou de outras condições baseadas em funções da logística. Um exemplo poderia ser a inexistência de condições para utilização dos modais de transporte adequados a um determinado produto, obrigando a empresa a adotar alternativas mais onerosas para cumprir seus compromissos, o que acarretaria na elevação dos custos logísticos totais.

Devemos lembrar ainda que há muito tempo a logística não constitui-se apenas em uma atividade movimentação de cargas, sendo que fatores de desempenho (como custos e prazos) e de obtenção de vantagem competitiva se tornaram determinantes para a evolução dos processos envolvidos, e diante da maior complexidade das cadeias logísticas internacionais, são justamente estes fatores os mais propícios a não obter o êxito esperado.

Por outro lado, construir cadeias de abastecimento internacionais pode ser o grande diferencial de uma organização, motivo pelo qual ela não pode abrir mão de considerar esta estratégia em seu planejamento.

Neste contexto, é indispensável para as empresas entenderem as implicações da internacionalização em sua cadeia logística, e trabalhar fortemente para minimizar os pontos negativos citados aqui, ao mesmo tempo em que devem buscar beneficiar-se das numerosas vantagens que podem ser conseguidas nos mercados externos.

7 comentários:

Anônimo disse...

Caro Douglas,

Muito oportuno esse post sobre logística internacional, sobretudo se consideramos as oportunidades comerciais que, atualmente, se apresentam com o desenvolvimento econômico de países localizados na região da Ásia-Pacífico, incluindo a Índia.
Além disso, qualquer empresa que contemple no seu planejamento estratégico a internacionalização da sua marca deverá dispor, a princípio, de operações logísticas bem planejadas à luz das peculiaridades (distância, transporte, armazenagem, cultura, burocracia alfandegária e infra-estrutura local, etc) dos mercados alvos de modo a alicerçar as ações comerciais.

A título de ilustração, cito os movimentos da Petrobras quando se preparou para atuar mais firmemente no Far East. Primeiro abriu uma representação comercial em Cingapura, contando com especialistas nas áreas de logística e trading. Esse escritório comercial dava suporte às operações de exportação de petróleo e derivados. Pouco tempo depois, face ao aumento substancial das operações e visando dar mais agilidade aos processos (logístico e comercial), o escritório comercial se transformou numa empresa com conseqüente aumento de pessoal capacitado. Por tratar-se de um mercado distante e consoante a tudo que você reportou no seu texto, contar com um terminal marítimo de transferência e estocagem próprio se tornou imperativo (para acerto de qualidade de produto, misturas adequadas etc) para otimização da cadeia de suprimento e melhor aproveitamento das oportunidades comerciais locais.

Abraço

André Luiz

Douglas Heinz disse...

André Luiz,

Seu exemplo é bastante oportuno e ilustra muito bem o que procurei demonstrar no texto.

Sua consideração sobre o terminal marítimo próprio também é apropriada e mostra uma estratégia válida para conseguir a eficiência nas operações logísticas internacionais. Aliás, meu próximo texto deverá ser exatamente sobre quais caminhos as empresas podem seguir para neutralizar as dificuldades inerentes à logística internacional.

nossabein disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
nossabein disse...

Senhor Douglas, na minha modesta opinião suas explicações foram bem aproveitáveis, porém poderíamos entrar numa mais ampla discussão sobre o assunto levando em consideração os detalhes mais profundos e de pequenas linhas que abrem caminhos para uma logística cada vez mais perfeita.
Abraço
Oalid Nossabein

Anônimo disse...

quais sao as 6 características sócio-culturais que influenciam no comércio internacional.

Anônimo disse...

quais sao as vantagem competitiva em comércio internacional.

Anônimo disse...

Quais são os pontos em comum da logística local e internacional?