quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Transporte urbano: ações sociais e públicas

Neste endereço é possível assistir uma interessante entrevista com o professor de logística Paulo Resende, que fala sobre os custos decorrentes dos problemas de trânsito existentes nas grandes metrópoles brasileiras, e de alternativas para resolver a situação.

Ele cita, com propriedade, que a utilização de transporte coletivo seria a solução mais adequada para descongestionar as vias urbanas e facilitar o deslocamento das pessoas dentro das cidades, ressalvando que, para isso ocorrer, mais do que investimentos públicos e privados, há necessidade de mudança da cultura predominante hoje na maioria dos grupos sociais brasileiros, onde deslocar-se de automóvel é sinal de status e independência, enquanto que utilizar transporte coletivo representa inferioridade.

Por mais dura que possa parecer, esta observação é pertinente e verdadeira. E talvez neste ponto resida o grande desafio a ser superado, pois se obras e melhorias estruturais já são de difícil realização, modificar a cultura de um grupo é uma atividade ainda mais complexa e desafiadora, e que exige muito tempo para que possa ocorrer, talvez até mesmo mais que uma geração.

Outro ponto que merece destaque é a proposta de pedágio urbano, ou "taxa de congestionamento", como é defendida pelo professor.

Trata-se de uma medida polêmica, porém eficiente e capaz de oferecer resultados positivos. Aliás, quando recursos de pedágio são aplicados adequadamente, esta forma de cobrança pelo uso de vias torna-se melhor para todos, seja o governo que repassa a manutenção à inicitiava privada, a concessionária que aufere lucro pelo seu trabalho e o usuário que utiliza estradas seguras e de qualidade.

Porém, devemos lembrar que no Brasil há cobrança de uma carga tributária altíssima, sem o recebimento de serviços que justifiquem os valores pagos. Este é o principal obstáculo a adoção de propostas como o pedágio urbano, pois hoje pagamos por benefícios que não são ofertados adequadamente, e qualquer novo valor que se proponha para melhorar a situação gera revolta e descontentamento.

Assim, caberia uma alternativa para viabilizar o modelo, que seria a redução dos tribuitos hoje incidentes aos proprietários de veículos, como por exemplo o IPVA e os impostos sobre combustíveis, de forma a compensar quem paga tarifas diretas como o pedágio e a sugerida "taxa de congestionamento" quando utiliza uma via de transporte.

A adoção de uma política de reciprocidade como esta facilitaria muito a aceitação de novos modelos de cobrança ao usuário, trazendo a vantagem de destinar o recurso diretamente para a finalidade pela qual ele foi cobrado, e possibilitando ainda que os gestores (públicos ou privados) disponham de orçamento para manter a qualidade dos serviços que prestam, dando um retorno justo a quem pagou por eles.

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