terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Reflexos das Chuvas

Na semana passada viajei para duas cidades de Santa Catarina separadas por cerca de 200 Km: Jaraguá do Sul e Florianópolis. Também conversei com um amigo residente em Blumenau.

Apesar da distância entre estas cidades, os cenários que vi e que me foram relatados são muito parecidos, com deslizamentos e estradas danificadas e/ou parcialmente bloqueadas. A foto que ilustra este comentário é um exemplo da situação que se repetiu por todo o estado.

A tristeza pelas vidas perdidas, pelo patrimônio destruído e pelos sonhos adiados já foi apresentada à exaustão, causando grande comoção. A ajuda as vítimas, porém, demonstrou o forte espírito de solidariedade de todo o povo brasileiro. Na minha região, a 150 Kms do "epicentro" das chuvas, não houve empresa ou entidade que não coletou donativos. Também não conheço pessoa que não tenha ajudado de alguma forma.

Mas agora que a situação começa a estabilizar-se, é hora de discutir o cenário "pós-cheia" e seus reflexos à logistica do estado.

Os prejuízos à infra-estrutura de transportes decorrentes desta tragédia serão sentidos por um longo tempo, causando transtornos à economia regional, principalmente para organizações ligadas ao comércio exterior, uma vez que o porto de Itajaí, o principal de Santa Catarina, foi seriamente danificado e sua recuperação poderá levar até 2 anos.

Este porto possui como ponto forte o embarque de cargas refrigeradas, provenientes das grandes companhias agro-industriais de Santa Catarina, que se localizam no oeste do estado e escoam sua produção princípalmente pela BR 470, que também foi atingida.

Um plano emergencial para o porto já está em vigor, através da utilização de navios "feeder", que possuem menor capacidade de carga e precisam de menos calado para operar. Este serviço permitirá escoar as mercadorias em forma de cabotagem, provavelmente até Santos, para posteriormente embarcar a carga para seu destino final.

Nas rodovias, há trabalhos de reparação e utilização de desvios para liberar o fluxo de veículos. A BR 470, em especial, já operava acima de sua capacidade e necessitará de fortes investimentos para sua recuperação -Um projeto de duplicação (parcial) estava em análise e não deve ser interrompido.

Os recursos injetados em Santa Catarina são também para recuperar a sua infra-estrutura logística. Como no Brasil quase sempre a falta de dinheiro é colocada como entrave à novas obras, o momento sugere que com um planejamento sério a reconstrução do estado poderá em médio e longo prazo melhorar as condições logísticas hoje existentes, permitindo ainda minimizar os danos se infelizmente a situação que presenciamos voltar a acontecer.

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