sexta-feira, 6 de março de 2009

Yes, we are Brazil

O título deste post evidentemente é uma ironia com o famoso slogan da campanha presidencial de Barack Obama.

O motivo é uma notícia sobre a privatização dos aeroportos no Brasil. Quem acompanha o blog sabe que o tema já foi tratado no post Privatizar ou não privatizar (II).

Apesar de defensor das privatizações como forma de melhorar a qualidade dos serviços prestados aos usuários, escrevi, no último parágrafo do comentário anterior citado, o seguinte: "Porém lembro que por enquanto apenas cogita-se a possibilidade de privatizar, ou seja, até que algo prático efetivamente ocorra, um longo tempo irá transcorrer, aliás, bem no ritmo comum às atividades do estado, e na velocidade contrária que os profissinais de logística precisam.". Então, nem tão surpreso assim fiquei quando li a notícia que reproduzirei no final deste post.

Vale destacar que a afirmação do título da matéria é baseada em "pistas" sobre uma tendência de abandonar a ideia da privatização dos aeroportos, como uma leitura atenta mostrará, mas se confirmada a decisão, entendo que surge no horizonte um cenário sombrio para o transporte aéreo do país, com as piores consequências se concretizando durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, evento que já podemos considerar de médio prazo.

Além, é claro, das implicações para usuários atuais do sistema, que continuarão sofrendo com serviços que, em várias situações, deixam muito a desejar.

E apesar da clara intenção de "abortar" a privatização, fiz uma rápida pesquisa e não encontrei nenhum tipo de material sobre ações para aprimorar significativamente a infra-estrutura aeroportuário nacional enquanto o serviço estiver sob gestão pública (como disse, foi uma rápida pesquisa, me aprofundarei assim que possível, e havendo novidades, comentarei). A única menção é a sugestão de abrir o capital da Infraero, o que resultaria em capital para investimentos, porém a longo prazo. Ou seja, abandona-se uma proposta e não é construída uma alternativa.

Uma enquete realizada no blog também demonstrou que a grande maioria dos leitores é favorável à privatização dos aeroportos, porém, parece que mais uma vez, no Brasil, muito é prometido (a melhoria daa infra-estrutura de trasnportes é elemento essencial para a escolha do país sede da copa do mundo, por exemplo), e pouco de fato é realizado.

E diante disto: alguém ainda acredita na construção do trem expresso entre São Paulo e Rio de Janeiro?

Segue a matéria:

Governo desiste de privatizar aeroportos brasileiros
Também está adiada a discussão sobre a construção do terceiro aeroporto em São Paulo

O governo abandonou a promessa de privatização da Infraero e dos aeroportos brasileiros. Sinas da mudança de rumo foram dados ontem na cerimônia de anúncio de contratação de uma consultoria, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para realizar estudos técnicos para a reestruturação da Infraero - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.

A previsão de conclusão dos estudos, que poderia levar à possibilidade de abertura do capital da Infraero, é maio do ano que vem, quando a campanha eleitoral pela sucessão no Planalto estará nas ruas. Com isso, está adiada também a ideia de fazer concessões dos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e Galeão, no Rio de Janeiro, como havia anunciado o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pressionava o governador fluminense, Sérgio Cabral.

Também está fora da discussão, neste momento, a construção do terceiro aeroporto em São Paulo. Em entrevista, o presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva, assegurou que "não haverá privatização" da empresa.

— O que se está pensando é na abertura de capital da empresa — mas ressalvou que "é num futuro, mais a longo prazo".

O brigadeiro Nicácio acentuou ainda que a Infraero tem capacidade de administrar perfeitamente todos os 67 aeroportos, "com a maior competência" porque é hoje "uma das mais eficientes empresas de administração de aeroportos do mundo", conseguindo superação em relação ao Charles de Gaulle, em Paris, entre outros. O brigadeiro disse ainda que "o desejo da empresa é se transformar em companhia de economia mista, dentro dos padrões mais modernos de governança corporativa atualizadas com o mercado, e qual é a capacidade de captação, só o BNDES vai nos dizer lá na frente". Há dois anos a abertura de capital da Infraero vem sendo objeto de discussão.

Paralelamente a isso, entrou na pauta, principalmente por pressão do governador do Rio, Sérgio Cabral, a concessão ou privatização do aeroporto do Galeão. O governo federal, então, incluiu Viracopos, de Campinas, neste projeto. Essa polêmica custou a demissão do ex-presidente da empresa Sérgio Gaudenzi, que alegava que era contra privatizar aeroportos rentáveis.

O novo presidente da Infraero, brigadeiro Nicácio, assumiu o cargo, no entanto, sem polemizar publicamente, mas trabalhando nos bastidores contra a proposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nenhum comentário: